Apesar de serem conhecidas desde a década de 90 no mercado estrangeiro, as telhas de policloreto de vinila (PVC) chegaram ao mercado brasileiro apenas em 2011, e recentemente (março e agosto de 2019) foram publicadas as primeiras edições das NBRs para esses produtos.
- ABNT NBR 16737-2:2019 – Telhas de policloreto de vinila (PVC) para telhado – Parte 2: Telha tipo colonial – Padronização e requisitos específicos (27/03/2019);
- ABNT NBR 16737-3:2019 – Telhas de policloreto de vinila (PVC) para telhado – Parte 3: Telha tipo plan – Padronização e requisitos específicos (27/03/2019);
- ABNT NBR 16737-1:2019 – Telhas de policloreto de vinila (PVC) para telhado – Parte 1: Requisitos de desempenho e métodos de ensaio (28/03/2019);
- ABNT NBR 16737-5:2019 – Telhas de policloreto de vinila (PVC) para telhado – Parte 5: Telha de perfil trapezoidal – Padronização e requisitos específicos (27/08/2019);
- ABNT NBR 16737-6:2019 – Telhas de policloreto de vinila (PVC) para telhado – Parte 6: Instalação e manutenção de telhas (27/08/2019).
Uma curiosidade é que o PVC é um dos plásticos mais utilizados na indústria da construção civil, como em tubos, forros, dentre outros elementos. Agora ele ganha mais força com a produção de telhas, visto que o mercado tem inovado nessa área em materiais, métodos e processos de produção para a melhoria do desempenho, conforto e segurança.

Atualmente não existem leis (regulamentos técnicos) que prescrevam as NBRs sobre telhas de PVC (que são de caráter voluntário). Em pesquisa no site do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), por exemplo, nenhum Regulamento Técnico sobre o assunto foi encontrado.
Já no site do Sistema Nacional de Avaliação Técnica (SINAT) existe uma diretriz (n.º 007 rev. 01), referente às telhas plásticas para telhados. O próprio SINAT sintetiza seu escopo na harmonização de procedimentos para a avaliação de novos produtos para a construção, quando não existem normas técnicas prescritivas específicas aplicáveis ao produto.
Obs.: Constam no site do SINAT dois DATec – Documento de Avaliação Técnica – da empresa Precon (pioneira no Brasil). Mas, por estarem com prazos vencidos o seu conteúdo está indisponível para consulta (até a data deste post).
As NBRs 16737, no entanto, são as normas técnicas mais recentes específicas para telhas de PVC. Elas estabelecem os requisitos de desempenho e os métodos de ensaio para avaliação técnica das telhas de PVC dos tipos colonial, plan, perfil ondulado e perfil trapezoidal; os requisitos específicos e a padronização para cada um de seus tipos, bem como, os requisitos para instalação e manutenção dessas telhas para uso em telhados.

USO NA CONSTRUÇÃO CIVIL – INOVAÇÃO
Essas telhas são versáteis e podem ser utilizadas em ambientes residenciais, comerciais e industriais.
As telhas de PVC podem trazer inúmeros benefícios, visto que são mais leves que os modelos convencionais, não propagam chamas, são impermeáveis, têm boa durabilidade e resistência, possuem conforto térmico e acústico e podem possuir as características estéticas das telhas convencionais, inclusive com maior variedade de cores que podem combinar com a pintura da edificação.

O telhado em PVC é composto pelas telhas e suas peças complementares de fixação, vedação e acabamentos/arremates (parafusos, capas dos parafusos, cumeeiras, capas laterais e fechamentos). Para a execução dos serviços, todas as condições de segurança devem ser observadas (utilização de EPIs, trabalhos em altura etc.).

Uma outra vantagem deste tipo de material está diretamente ligada ao meio ambiente, pois o PVC é reciclável. Logo, o descarte adequado de seus rejeitos não agredirá o meio ambiente.
INFORMAÇÕES DOS FABRICANTES BRASILEIROS EM RELAÇÃO AOS PRINCIPAIS REQUISITOS DAS NBRs 16737
Em consulta aos sites, guias e manuais técnicos de alguns fabricantes no Brasil, notou-se que em geral eles utilizam como referência apenas a NBR 15575 e a Diretriz n.º 007 do SINAT. Mas, alguns não citam nenhuma norma ou diretriz, apenas afirmam de maneira resumida o desempenho do produto em relação ao conforto térmico, acústico, resistência às intempéries (vento, sol, chuva e granizo), resistência aos impactos acidentais, impermeabilidade, resistência ao fogo, proteção UV, leveza, etc.

Os principais detalhes técnicos fornecidos por essas empresas são os de montagem, relacionados aos apoios das telhas, parafusos e vedações, transpasses, suas dimensões, dentre outros. Por isso, serão abordados neste tópico principalmente os requisitos para instalação e manutenção, além de alguns questionamentos mais frequentes dos consumidores.
Vale ressaltar que devido à recente publicação das NBRs sobre telhas de PVC, em breve os fabricantes adaptarão seus guias e manuais técnicos.
- Recebimento e armazenamento: a NBR 16737-6:2019 afirma que os elementos devem estar identificados com o nome do fabricante e lote, armazenados em local plano e seguro, com o empilhamento máximo de acordo com recomendações dos manuais dos fabricantes;
- Aceitação: a NBR 16737-1:2019 afirma que o recebimento pelo cliente deve atender aos requisitos e métodos de avaliação conforme Tabela 4, e os cálculos das quantidades de telhas e demais peças complementares devem ser realizados previamente por profissional habilitado, baseado nas informações do manual técnico quanto às dimensões, recobrimentos mínimos, distribuição dos parafusos, distância máxima entre terças e declividade mínima.

- Marcação: a NBR 16737-1:2019 afirma que as telhas de PVC devem conter marcação indelével contendo no mínimo o nome do fabricante e a identificação do lote, na face externa da telha;
- Instalação e manutenção: a NBR 16737-6:2019 afirma que a instalação das telhas deve atender às recomendações dos fabricantes e descreve as orientações que devem conter nos seus manuais de instalação e manutenção, como condições de caminhamento de pessoas sobre as telhas, procedimentos de limpeza e outras informações que os fabricantes julgarem pertinentes. Tais orientações/informações são respeitadas pelos fabricantes.
- Acoplamento das telhas: a NBR 16737-1:2019 afirma que as telhas devem ser acopladas entre si por meio de transpasses longitudinais e transversais, fixadas por parafusos autotarraxantes compostos por sistema de fixação/vedação e capa de proteção. Nos guias e manuais técnicos dos fabricantes, estas informações estão claras e detalhadas;
- Controle da instalação: a NBR 16737-6:2019 afirma que o controle das atividades para a instalação deve ser realizado por profissional habilitado, adotando o manual de instalação e manutenção do fabricante. Esta informação está de acordo com as leis e normas brasileiras, que exigem profissionais habilitados e/ou capacitados para execução dos serviços de engenharia;
- Desempenho térmico e acústico: A NBR 16737-1:2019 não cita diretamente o desempenho acústico, mas afirma que o desempenho térmico para o sistema de cobertura como um todo deve atender à “NBR 15575-5:2013 – Edificações habitacionais — Desempenho Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas”. Porém, o desempenho acústico também deve atender a esta última NBR citada (inclusive esta faz parte das suas referências normativas). Caso seja necessário, existem mantas específicas que melhoram o desempenho térmico e acústico do sistema de cobertura. Vale lembrar que todos os requisitos das NBRs 15575 são aplicados às edificações habitacionais, ou seja, não se aplicam a comércios e indústrias, que têm características e necessidades específicas.
PERGUNTAS E RESPOSTAS CONFORME MANUAIS DOS FABRICANTES
Separamos abaixo algumas perguntas pertinentes ao assunto, respondidas por diversos fabricantes e disponíveis em seus respectivos sites e manuais técnicos (respostas adaptadas para este post):
- De que são feitas as telhas de PVC?
R: As telhas são fabricadas a partir de chapa de PVC modificado. A base é de PVC, especialmente desenvolvido para ser utilizado em coberturas (pode ser composto de PVC + modificador de impacto). A telha ainda pode apresentar uma espécie de trama de borracha interna, que confere ao produto final resistência e, ao mesmo tempo, flexibilidade, além de camadas protetivas contra ação dos raios UV (como acrilato).
- 2. Como cortá-las?
R: Se necessário, usar serra elétrica, serrote, arco de serra ou uma serra tico-tico.
- As telhas de PVC perdem facilmente a cor com a ação do sol?
R: Não. Além de possuírem proteção contra raios UV, elas podem possuir fixadores de cor. Isso promove durabilidade ao produto.
- As telhas de PVC quebram com o passar do tempo?
R: Não. Elas são flexíveis e resistentes às intempéries.
- Em momentos de chuvas fortes as telhas são barulhentas?
R: Não, pois o PVC é um material que contribui para o amortecimento e impede a propagação do som.
- Como limpar o telhado em PVC?
R: Com água e sabão neutro, tomando os devidos cuidados com a segurança. Geralmente a própria chuva contribui com a limpeza do telhado.
- Como corrigir furos errados feitos durante a instalação?
R: Com silicone colorido para coberturas.
- As telhas podem ser pintadas?
R: Depende da recomendação do fabricante. Alguns não informam sobre a possibilidade de pintura, outros recomendam a utilização de tinta epóxi apropriada.
- Pode ocorrer condensação na área interna?
R: Sim, devido à diferença de temperatura pode ocorrer o que é chamado de “orvalhamento”. Porém, a umidade não é absorvida pela telha, pois ela é totalmente impermeável.
- As telhas de PVC por serem leves podem voar do telhado após instaladas?
R: Em qualquer tipo de cobertura, a ação de ventos fortes atípicos pode provocar o arranchamento. Mas, isso pode ser evitado com a correta fixação conforme manual.
- As telhas empenam com o tempo?
R: Se os espaçamentos entre apoios forem obedecidos conforme manual, isto não ocorrerá.
- É seguro caminhar sobre os telhados em PVC?
R: Sim, pois as telhas suportam cargas verticais de até 1,2 kN, equivalente a uma pessoa de aproximadamente 120 kg.
- Telhas em PVC podem ser instaladas em áreas de churrasqueira?
R: Depende da recomendação do fabricante. Existem fabricantes que recomendam uma distância mínima de 2,5 m do telhado para a abertura da churrasqueira.
- É necessária mão de obra especializada para a instalação?
R: É necessário o acompanhamento de profissional habilitado, e a mão de obra deve ser capacitada. Isto é, podem ser utilizados os mesmos profissionais das telhas convencionais.
TELHAS PVC x CHUVA DE GRANIZO
Talvez a maior dúvida dos consumidores em relação às telhas de PVC é sobre a sua resistência contra uma eventual chuva de granizo.

Esse fenômeno geralmente ocorre em locais quentes com umidade relativa do ar elevada, e suas pedras de gelo podem variar em média de 0,5 mm a 5 cm. Mas suas dimensões podem ser ainda maiores e podem danificar coberturas, automóveis e até provocar danos físicos às pessoas.

Após uma chuva de granizo ocorrida em 2015 no Rio Grande do Sul, o Instituto de Física da UFRGS elaborou um estudo em que demonstrou que uma pedra de gelo (granizo) de 6 cm de diâmetro pode chegar ao solo com uma velocidade terminal de aproximadamente 110 km/h, e uma energia cinética de 45 J (https://www.if.ufrgs.br/~lang/Textos/Granizo.pdf – acessado em 05/11/2019).
Utilizando a fórmula já simplificada do referido estudo – que levou em conta a densidade do ar e a densidade do granizo para o cálculo da velocidade terminal da queda do granizo em relação ao ar e consequentemente resultou em uma energia cinética provocada pelo impacto – elaboramos um gráfico que demonstra aproximadamente a energia cinética máxima em relação ao diâmetro do granizo. É possível observar que uma pequena variação de diâmetro provoca um efeito significativo no resultado da energia cinética, em caráter exponencial. O resultado demonstra que para que as telhas de PVC suportem os impactos conforme Tabela 1 da NBR 16737-1 , as pedras de granizo devem ter diâmetros menores que 5 cm.

É importante observar ainda que ESTES CÁLCULOS SÃO APROXIMADOS, pois a energia causada pelo impacto do granizo no telhado depende de condições como vento (que pode causar deslocamento horizontal durante a queda), o próprio arrasto do ar e as características reais das pedras de granizo (que podem ser ásperas e ter formatos irregulares e variados).
Comentários